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Equoterapia para Autistas

  • Foto do escritor: Hanna Baptista
    Hanna Baptista
  • 16 de out. de 2015
  • 3 min de leitura

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Fiquei realmente em dúvida sobre qual seria o primeiro tema sobre o qual eu me debruçaria. Quais as características que percebi em minha filha que me levaram a procurar um profissional de saúde? Como os pais se sentem com o diagnóstico? Como é meu dia-a-dia com minha pequena? “Antes e depois” das terapias? Mas acho que escolhi o tema sobre o qual as pessoas mais têm me perguntado: equoterapia.


É isso mesmo, equoterapia. Eu mesma não sei ao certo porque o tema causa tanta curiosidade. As perguntas são as mais diversas: se eu não tenho medo de colocar minha filha em cima do cavalo; o porquê ela faz equoterapia se a parte motora dela não é afetada; se eu notei alguma diferença dela praticando a referida terapia; se a minha anjinha gosta de montar a cavalo etc.


Bom, em primeiro lugar, eu fiquei, SIM, morrendo de medo a primeira vez que fui colocá-la em cima do cavalo. Lembro que meu coração veio até a boca. A Gabriela, contudo, me surpreendeu e assim que a coloquei montada sobre o animal, ficou tranquilamente posicionada. Não tem como não sentir medo ao ver seu filho montar.


Quando o frio na barriga batia (e, de vez em quando ainda bate), eu respirava fundo e pensava: de um lado dela está a psicóloga, e de outro o tratador; o cavalo é manso; tem uma equipe acostumada a fazer esse trabalho. Respirava fundo e aos poucos, fui ganhando mais confiança. E é essa a questão: acho que é mais difícil para os pais criarem segurança do que para os anjos azuis.


Inicialmente, quando indicaram a equoterapia eu não via um real motivo, pois achava que era um trabalho apenas para lidar com a parte motora, o que definitivamente não era uma questão preocupante no caso da minha Gabizinha. Ledo engano. Equoterapia é muito mais do que a gente pensa.


Profissionais da área de saúde entendem que a Equoterapia propicia o alcance de efeitos terapêuticos de quatro ordens:


(1) melhoramento da relação: considerando os aspectos da comunicação, do autocontrole, da autoconfiança, da vigilância da relação, da atenção e do tempo de atenção;


(2) melhoramento da psicomotricidade: nos aspectos do tônus, da mobilidade das articulações da coluna e da bacia, do equilíbrio e da postura do tronco ereto, da obtenção da lateralidade, da percepção do esquema corporal, da coordenação e dissociação de movimentos, da precisão de gestos e integração do gesto para compreensão de uma ordem recebida ou por imitação;


(3) melhoramento de natureza técnica: facilitando as diversas aprendizagens referentes aos cuidados com os cavalos e o aprendizado das técnicas de equitação;


(4) melhoramento da socialização: facilitando a integração de indivíduos com danos cognitivos ou corporais com os demais praticantes e com a equipe multidisciplinar.


Justamente por todos esses benefícios a Equoterapia destaca-se como terapia fisioterápica fundamental na recuperação de pacientes com deficiência de desenvolvimento de habilidades motoras, sensoriais, comunicativas e sociais (em destaque o Transtorno de Espectro Autista). Nesse sentido, já aplanou COPETTI, em esclarecedora manifestação:


Dentre as terapias que buscam melhorar o desenvolvimento motor e cognitivo a Equoterapia é única na qual o praticante tem o movimento do cavalo o qual chamamos de movimento tridimensional, semelhante ao do ser humano, estimulando a movimentação ativa do praticante por meio da movimentação do animal (COPETTI, 2007).


A utilização do cavalo para tratamento, além de sua função cinesioterápica, produz participação no aspecto psíquico, favorecendo a reintegração social. Na literatura encontra-se descrito que o autista facilita o trato com os animais por haver uma semelhança em seus comportamentos (GRANDIN E JOHNSON, 2005). Segundo pesquisas na área, pessoas que sofrem Transtorno do Espectro Autista, além de melhorarem sua motricidade através da Equoterapia, manifestam-se emocionalmente com o cavalo através do toque e da expressão facial, obtendo melhora na área afetiva (GARRIGUE et al,1999; SCHULZ, 1997). Outrossim, é comprovado que tal tratamento promove nos referidos pacientes melhora na percepção auditiva, visto que em nível sensoperceptivo o cavalo irá contribuir na estimulação dos sistemas vestibular, somatossensorial, proprioceptivo, visual e auditivo.


Se eu notei diferença de minha filha após a prática da equoterapia? Sim. E muita. Um dos fatos mais interessantes foi a relação dela com animais. Antes ela os ignorava, e hoje ela tem uma gatinha que ela abraça e faz carinho. É sempre bom lembrar que nenhum tratamento funciona sozinho, sendo que o trabalho com autistas deve ser sempre multiprofissional.


Beijos e até o próximo post!

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